Após alguns anos trabalhando como profissional
de Educação Física (Personal Trainer), principalmente dentro de uma sala de
musculação (onde a procura pelo tema do referido texto é
acentuada), começo a observar com um problema que em minha opinião é grave,
profissionais da área de Educação Física que fazem o trabalho dentro dessas
salas de hoje não sabem exatamente qual o significado da expressão “HIPERTROFIA”
e como o fenômeno ocorre, prejudicando assim o treinamento do seu aluno/cliente
não obtendo resultado satisfatório.
Sabe-se que vários fatores são necessários para
que esse fenômeno aconteça, e indagando alguns profissionais percebi que apenas
a minoria tem a certeza de como a hipertrofia acontece e o que é necessário para
que haja ambiente favorável à mesma. Perante essas situação encontrada por mim,
decidi escrever um pouco sobre o que é esse fenômeno, como ele ocorre o que é
necessário para que ele ocorra.
Hipertrofia significa o
aumento do tamanho de um órgão em consequência do aumento das funções
celulares. A hipertrofia mais comum acontece na musculatura e pode ser
provocada por fatores biológicos como o crescimento na fase de puberdade, a
dilatação do útero durante a gravidez, etc., ou de forma forçada através da
prática de musculação e do consumo de suplementos alimentares. Também acontece
de forma patológica, como é o caso de Hipertrofia Benigna da Próstata (HBP) ou
de hipertrofia do miocárdio (músculo cardíaco).
A
hipertrofia é o processo através do qual as fibras musculares têm seu volume
aumentado como resultado da sobrecarga tensional recebida. Essa tensão ocorre
quando os músculos se contraem para
fazer frente à resistência que lhe é imposta. Ou seja, a resistência imposta
pelo peso dos para ser levantado ou movido provoca uma sobrecarga em determinado
músculo, para permitir que ele faça o movimento. Como resultado imediato, a
fibra muscular se torna permeável e os íons cálcio migram para dentro da fibra.
O aumento da concentração desses íons de cálcio provocam a ruptura dos filamentos protéicos que
compõem as fibras musculares.
Desta forma, durante o treino ocorre a destruição desses filamentos e quanto
mais intenso é o treino, maior o número de filamentos destruídos.
Em se tratando de hipertrofia muscular, pode
ocorrer o aumento no número e ou diâmetro das miofibrilas, consequentemente provocando
um aumento da fibra muscular. Segundo Goldspink (1998), o aumento no número de
miofibrilas é mais eficaz para a hipertrofia do que o aumento do tamanho
destas. Podemos então descrever também outro tão falado processo, o crescimento
muscular apenas por hiperplasia. Segundo Tortora, Grard J. et aal, “É o aumento
no número de células de um tecido devido ao aumento na frequência de divisão
celular”, neste caso também ocorrendo no tecido muscular esquelético. Processos
de hiperplasia são descritos por alguns trabalhos porém ainda controversos e
polêmicos.
Estes processos, hipertrofia ou hiperplasia, se
garantem pela síntese de proteínas, principalmente após o treinamento com
pesos, onde esta síntese estará aumentada a níveis máximos. Sendo
assim, entendemos a necessidade da oferta adequada de proteínas aos músculos pela
dieta e suplementação, a fim também de minimizar situações de degeneração
proteica (catabolismo) também presentes nos processos de treinamentos e
recuperação.
De acordo com Simón (2007),
a hipertrofia possui os seguintes componentes:
- Aumento considerável da secção
transversal das fibras musculares (aumento do diâmetro da fibra muscular);
- Aumento do tecido conectivo, que é
aquele que não se contrai e representa aproximadamente 12% do
musculo;
- Aumento de vascularização ou a formação
de novos capilares;
- Melhora do metabolismo muscular.
Com
o estímulo à vascularização, próprio da sobrecarga metabólica, também contribui
para o volume dos músculos. A quantidade de glicogênio pode triplicar nos
músculos e, considerando-se que por razões de hidratação molecular, cada grama
de glicogênio carrega quase três gramas de água, compreende-se o grande aumento
do conteúdo de água intracelular resultante do processo.
Durante
o período de recuperação que se segue ao treino, esses filamentos são
reconstituídos através dos aminoácidos presentes nas proteínas, por
isso a alimentação depois do treino tem caráter essencial na hipertrofia.
No período de até 4 horas pós-treino deve-se consumir carboidratos e proteínas,
através da alimentação ou de suplementos. Esses dois elementos são responsáveis
respectivamente pela restauração das reservas de ATP – trifosfato de adenosina,
que é a fonte de energia que mantém tudo funcionando e pela reconstituição das
fibras musculares. A reconstituição dos filamentos das fibras
musculares é sempre maior que os danos, assim ocorre o aumento do volume de
massa muscular. Contudo, se a destruição for muito acentuada, a recuperação
poderá ser insuficiente para aumentar o volume muscular.
Nutrição
é o que fará a grande diferença em todo esse processo, o treino pode ser o mais
pesado possível, mas se você não estiver com uma dieta equilibrada nos
nutrientes necessários para que ocorra o fenômeno você só estará aumentando o
seu gasto calórico ( e caso esteja comendo muito errado, poderá e irá entrar no
processo de diminuição de peso corporal).
Quando
o assunto é nutrição existe uma regra bem simples para que esse fenômeno aconteça,
sua ingesta de calorias de qualidade tem que ser maior do que o que você gasta,
e se o seu objetivo for diminuir % de gordura corporal a sua ingesta de calorias
de qualidade tem que ser menor do que você gasta.
Como
fazer para gastar essas calorias e ter um treino de qualidade, será abordado em
uma próxima postagem, no momento apenas entenda que, MESMO SE VOCÊ TREINAR
PESADO, VOCÊ PRECISARÁ DE UMA ALIMENTAÇÃO DE QUALIDADE PARA QUE HAJA O PROCESSO
DE HIPERTROFIA, caso sua alimentação não seja adequada, você estará apenas
aumentando o gasto calórico do seu dia-a-dia, favorecendo a perda de peso.
Para
que você não erre na, que em minha opinião é a principal parte no processo de
construção muscular ou queima de gordura, procure um nutricionista esportivo,
só ele poderá fazer uma avaliação correta e juntamente com um profissional de
Educação Física poderão lhe ajudar a chegar no seu objetivo, fique atento e não
saia praticando as besteiras que você ouve por ai dentro de uma sala de
musculação.
Bons
treinos até a próxima.
Referências:
SANTAREM,
José Maria. Hipertrofia Muscular. Disponível em:
saudetotal.com.br/artigos/atividadefisica/hipertrofia.asp;
SIMÓN
Felipe Calderón. Técnicas de Musculação: Guia passo a passo, totalmente
ilustrativo. São Paulo: Câmara Brasileira de Livros, 2007. 194 p;
Hipertrofia.net;
Dicas
de treino.com.br.
Bem completo!
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