segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Quando médicos deixam de ser profissionais de saúde - Terapias hormonais

Olá galera tudo bem? Neste post de hoje gostaria de pedir licença ao renomado DR. PAULO GENTIL e replicar sua postagem na íntegra aqui no blog, Doutor em Ciências de Saúde, Graduado em Educação Física e Autor de livros sobre Emagrecimento e Hipertrofia tem total conhecimento para falar do assunto que virá logo abaixo, precisamos mais de profissionais iguais a este para que nossa área passe a ser mais respeitada, OBRIGADO PROFESSOR PELO ÓTIMO POST, replico aqui para conhecimento de profissionais e leigos no assunto, espero que gostem assim como eu gostei. Abraços

PARTE 1

A reportagem jogou da Veja jogou no ventilador algo que vem nos assombrando há tempos: há muitos médicos prescrevendo hormônios em dosagens altas com finalidades estéticas. O que está acontecendo é que os oportunistas se renderam ao que o Mundo já sabe há décadas: o uso de determinados hormônios ajuda a melhorar o desempenho e a composição corporal! A questão ética é gravíssima, e tenho esperanças que haja ações direcionadas para proteger a sociedade desses elementos, mas vou tratar aqui da questão mais técnica...

Para mascarar o fato de estarem simplesmente dando bomba aos seus pacientes, esses médicos aplicam uma nova roupagem às suas práticas, e com isso conseguem vender um produto mais caro e ao mesmo tempo em que parecem menos imorais. Três roupagens bem conhecidas são os: Implantes subcutâneos (chips), Modulação hormonal e Reposição Hormonal.

Reposição Hormonal: Talvez o maior disparate de todos seja fazer em reposição hormonal! Existem referencias para as taxas hormonais e uma reposição só deve existir se s valores estiverem abaixo da normalidade e falar em reposição de testosterona para mulheres e homens saudáveis é quase uma piada! Por exemplo, a produção de testosterona de uma mulher é cerca de 0,2 a 0,4 mg/dia, portanto, mesmo um comprimido de 5 mg de oxandrolona já resultará em uma carga de hormonios de mais de 10 vezes a normalmente encontrado nas mulheres e já seria suficiente para induzir masculinização. (Menke et all; 201. Freriks et all; 2013). Aliás, mesmo que seja detectadas alterações nos valores hormonais, os édics especializados é que decidiram a terapia necessária. E médico especializado não é oftalmologista, esteticista ou sei lá o que


Modulação hormonal - outra falácia é usar o termo "modulação hormonal" e "hormônios bioidênticos". Isso não passa de um joguete semântico, afinal quando alguém injeta hormônio em si mesmo, ele nada mais faz do que alterar seu status hormonal, ou seja, "modula" seus hormônios. Falar em hormônios bioidênticos é outra cascata que chega a ser cômica! Por mais que pareça simpático falar em coisas "naturais", os hormônios sintéticos foram produzidos justamente para minimizar efeitos indesejados enquanto maximizam os positivos. Assim, usar as variações "bioidênticas" seria regredir algumas décadas em termos de qualidade farmacológica. Tanto que estudos apontam que os "bioidênticos" são menos eficientes que os hormônios normalmente usados (Sood et al., 2013; Whelan et al., 2013). Essa área de Modulação Hormonal nem ao menos é reconhecida pela Ciência, pois a sua ideia, por si só, de dar doses "suplementares" de hormônios para melhorar estética e performance é antiética!


O texto seguirá tratando dos implantes, os famosos chips....

(Paulo Gentil)
@drpaulogentil

Menke LA, Sas TC, de Muinck Keizer-Schrama SM, Zandwijken GR, de Ridder MA, Odink RJ, Jansen M, Delemarre-van de Waal HA, Stokvis-Brantsma WH, Waelkens JJ, Westerlaken C, Reeser HM, van Trotsenburg AS, Gevers EF, van Buuren S, Dejonckere PH, Hokken-Koelega AC, Otten BJ, Wit JM. Efficacy and safety of oxandrolone in growth hormone-treated girls with turner syndrome. J Clin Endocrinol Metab. 2010 Mar;95(3):1151-60. doi: 10.1210/jc.2009-1821. Epub 2010 Jan 8.

Freriks K, Sas TC, Traas MA, Netea-Maier RT, den Heijer M, Hermus AR, Wit JM, van Alfen-van der Velden JA, Otten BJ, de Muinck Keizer-Schrama SM, Gotthardt M, Dejonckere PH, Zandwijken GR, Menke LA, Timmers HJ. Long-term effects of previous oxandrolone treatment in adult women with Turner syndrome. Eur J Endocrinol. 2012 Dec 10;168(1):91-9. doi: 10.1530/EJE-12-0404. Print 2013 Jan.

Sood R, Warndahl RA, Schroeder DR, Singh RJ, Rhodes DJ, Wahner-Roedler D, Bahn RS, Shuster LT. Bioidentical compounded hormones: a pharmacokinetic evaluation in a randomized clinical trial. Maturitas. 2013 Apr;74(4):375-82. doi: 10.1016/j.maturitas.2013.01.010. Epub 2013 Feb 4.

Whelan AM, Jurgens TM, Trinacty M. Bioidentical progesterone cream for menopause-related vasomotor symptoms: is it effective? Ann Pharmacother. 2013 Jan;47(1):112-6. doi: 10.1345/aph.1R362. Epub 2012 Dec 18.!



PARTE 2

Implantes subcutâneos - o implante subcutâneo de testosterona foi apresentado á quase um século como alternativa aos comprimidos e injeções. A mair crítica a esse método é devido à dificuldade em estimar o quando de testosterona é liberada, pois a carga hormonal pode variar em mais de 1 vezes para uma mesmo tipo de implante! Normalmente esses implantes são feitos cm 08-10 mg de testosterona por kg de massa para os menos, mas o que se em visto nos consultórios são implantes acime de 1200 mg para mulheres! Vamos entender o que acontece então! A estimativa é que a cada 200 mg de testosterona implantada fere uma liberação de média de 1,3 a 13,7 mg/dia (lpes et al; 2005). A produção da mulher é cerva de 0,2 a 0,4 mg/dia. Basta fazer os cálculos e ver o quão distante esses implantes estão da normalidade! Aliás, já foi verificado que implantes com apenas 100 mg podem produzir níveis não fisiológicos de testosterona em mulheres (Buckler et all; 1998). Imaginemos, então, o que pode acontecer nos implantes com cargas hormonais de 1.200mg!! Outro problema é que a há dificuldade de interrupção imediata do tratamento caso obtenha algum efeito adverso. Isso faz com que muitas pessoas convivam com a masculinização e alterações fisiológicas negativas, ou você acredita que aquela voz grossa é mesmo inflamação de garganta (eterna?).


Todos devem entender que o excesso de hormônios, especialmente a testosterona, está associado há diversos problemas de saúde já conhecidos, como lesões hepáticas, problemas cardiovasculares e alterações negativas nos lipídeos sanguíneos. O fato é que, independente da forma que se tome ou do nome que se dê, no final das contas, os níveis hormonais estão sendo elevados muito acima dos valores normais por meio dessas "terapias".

Portanto, me desculpem pela sinceridade, mas quem estiver nessa, está simplesmente tomando BOMBA, Só que a diferença é que está fazendo isso cm um picareta formado em medicina e não com um marombeiro-fornecedor, que diga-se de passagem, muitas vezes faz um serviço menos ruim e cobra beeeeeeem menos!

Ando refletindo muito sobre isso e não sei o que é pior, 1) ver uma pessoa habilitada a exercer uma vela profissão, cujo objetivo é salvar vidas, prescrever bombas com finalidades estéticas ou 2) ver professores de Educação Físicas estimulando seus alunos a procurarem essas pessoas pois, dessa forma, o alunos consegue resultados mesmo com treinos precários que vê, recebendo.

(Paulo Getil)
Buckler M, Robertson WR, Wu FC. Wich androgen relacement terap for women? J Clin Endocrinol Metab. 1998 83 )11): 3920-4.

Lopes EJA, Satos TC, Góes PM, Srougi M. Implante subcutâneo de testosterona. Rev Bras Med. 2006 63(): 434-438.

BOM FINAL DE ANO A TODOS E QUE 2014 POSSAMOS GOZAR UM POUCO MAIS DE RESPEITO EM NOSSA PROFISSÃO.



sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O METABOLISMO DA GORDURA

Final do ano chegando e podemos observar um "bum" nas academias de musculação e centros de estéticas espalhadas pelo Brasil, a vontade de estar bem com o corpo e com os quilinhos em dia faz com que grande parte dos brasileiros quase que enlouqueçam nos últimos meses do ano, principalmente no último mês. Mas será que realmente essa desvairada compulsividade momentânea de ter o corpo escultural às vésperas da virada do ano traz resultados significativos mesmo? O tema de hoje será sobre o metabolismo da gordura e os seus efeitos.

                                                             O METABOLISMO DA GORDURA


Conhecida como LIPÍDIO, a gordura é o substrato energético que mais tem fonte de energia no nosso organismo, juntamente com os carboidratos e as proteínas formam os macronutrientes do organismo e a gordura é o grande responsável pela energia que utilizamos em repouso (sem exercício físico) e também de grande função térmica. Sabemos que quando ingerimos em excesso qualquer um desses macronutrientes o nosso organismo serão armazenados em forma de gordura e é aqui mora o perigo, e exatamente neste momento que o seu corpo começa a mudar a estrutura e você passa a se tornar "gordinho".

O grande problema da gordura são as doenças que ela pode trazer consigo, dentre elas podemos citar as doenças cardiovasculares, além dos problemas sociais que esse mal pode causar a vida do indivíduo.

Já sabemos o que é a gordura e como armazenamos, porém agora vem a grande dúvida, como fazemos para eliminar a tão indesejável.

Para que aconteça o processo de eliminação da gordura é necessário uma grande reação fisiológica no nosso organismo para que esse importante substrato energético seja utilizado. Os estudos mais do que comprovaram que a grande maneira de eliminar essa gordura armazenada é aumentando o seu gasto calórico e é justamente nesse ponto que entra o EXERCÍCIO FÍSICO, ele mesmo, como a implementação do programa de exercício físico existe um aumento na produção de adrenalina e noradrenalina que se ligam a receptores específico (β3) das membranas dos adipócitos desencadeando uma cascata de reações, outros hormônios como o GH (Hormônio do crescimento), TSH (Tireóide estimulante) e ACTH ( adrenocorticotropina) participam e ajudam nessa cascata que desencadeará o processo de metabolização da gordura. Todo esse desencadeamento dessa cascata faz com que a gordura mobilizada seja levada até ao FÍGADO e lá seja transformada em ácido graxo participando efetivamente no processo de ressíntese de ATP (recuperação de energia).



Como você pode observar existe um processo muito complicado para que a gordura seja metabolizado e utilizada, apesar de todo esse processo o nosso corpo faz isso com a maior facilidade, não sendo assim tão difícil utilizar essa gordura armazenada, entretanto vale ressaltar que não basta somente a incorporação do exercício físico, é necessário também que haja uma mudança na alimentação para que ocorra um equilíbrio energético favorável para a utilização dessa substância.

A grande questão que observamos nos dias de hoje é a grande promessa de eliminar esse poderoso substrato energético com grande facilidade, esteticistas espalhados pelos país prometem eliminar sua gordura com alguma facilidade e você acabou de observar que não é tão fácil assim, explico:

Certa vez ouvi de uma cliente , que sua esteticista havia dito que a gordura seria facilmente eliminada pela urina após algumas massagens e redirecionamento da mesma para o setor linfático e sanguíneo, chegando assim os rins e sendo eliminada pela urina. Vamos aos fatos: Como descrito acima, para que a gordura seja transportada pela corrente sanguínea ela precisa passar por uma seria de reações, e implementos de hormônios para que ela seja recebidas pelos transportadores de células, substratos entre outros pela corrente sanguínea. Outro fator importante é que substâncias somente são aceitas em órgãos específicos se elas possuem a "senha" para que seja recebida, ou seja, os fisiologistas chamam de "processo chave-fechadura" somente receberá a gordura (já em processo de metabolização) aqueles órgãos que tiverem as estruturas que se ligam a gordura e possam recebê-la, e sabe-se que os rins não recebem gordura, por tanto, NÃO EXISTE PROCESSO DE ELIMINAÇÃO DE GORDURA PELA URINA.

Ai provavelmente você ficará com a dúvida, "Então porque eu estou diminuindo medidas?" Simples, a gordura é uma molécula maleável na sua forma de armazenamento, por tanto alguns apertões, empurrões, torções e outras coisas podem fazer com que essa gordura seja realocada em outro local do organismo, o esteticista pode até mesmo, pasme, aumentar seu glúteo e o seu seio se ele for habilidoso. Já percebeu que no processo de emagrecimento de uma pessoa a primeira parte que você percebe estar diminuindo é o rosto e que logo após o rosto volta a ficar normal? Então esse processo nada mais é do que a REORGANIZAÇÃO da gordura corporal. De fácil estratégia, pois ela se encontra localizada sub-cutâneamente (em baixo da pele).

Espero com este post, ter tirado muitas dúvidas do pessoal mais leigo com relação a esse assunto, pois me assunta o tanto de charlatão que está trabalhando no mercado dizendo e prometendo loucuras com relação ao processo de emagrecimento e "queima de gordura" sem mesmo nem saber o que é um substrato energético, para que serve e que a gordura é o principal deles.

desejo a vocês um FELIZ NATAL, um PRÓSPERO ANO NOVO, cheio de paz, alegria, sucesso e de muito esforço, treino, dieta e controle mental, pois sem esses requisitos, NÃO EXISTE MILAGRES. 


domingo, 28 de abril de 2013

TIPOS DE TREINAMENTO INTERVALADO

Na postagem passada falei sobre o melhor tipo de treino para emagrecer esclarecendo sobre o TREINAMENTO INTERVALADO e disse que voltaria dando alguns exemplos de treinamento intervalado.
Pois bem, chegou então o momento de lhes dar algumas amostras do que é e de como fazer o treinamento intervalado.

Treinamento intervalado é aquele treinamento em que você coloca alguns intervalos curtos durante a sessão de treinamento, elabora-se um programa e dentro deste programa é executado um pequeno período de descanso após algumas series de alguns tipos de exercícios, proporcionando uma recuperação, seja ela ativa ou passiva, para que a qualidade a intensidade seja mantida em alta durante todo o desenvolvimento do treinamento. 

O intervalo serve para a recuperação da ATP que é um dos combustíveis energéticos utilizados durante o desenvolvimento do treinamento, observe no quadro abaixo o tempo de intervalo equivalente para a % da recuperação da ATP .


Posto agora alguns tipos de treinamento intervalado para vocês...

Se aqueça por 10 minutos, corra por 1 minuto a 13km/h e descanse andando por 1 minuto a 4 ou 5 km/h - Repita a operação de 5 a 10x, vai depender do seu condicionamento físico.

Peça ao um profissional de Educação Física para montar um programa de musculação onde vc irá fazer uma serie em determinados número de aparelhos e ao final vc irá para a esteira, bicicleta ou qualquer outro tipo de de exercício aeróbico pelo intervalo de 3 minutos, repita essa seria de 3 a 4x.

Esses dois exemplos de exercícios foram com descanso ativo, você também poderá fazer o descanso de modo passivo, onde ficara o intervalo sem fazer nenhum tipo de exercício, apenas parado, lembrando que o tempo deverá ser menor, pois a recuperação será mais rápida.

Espero que possa ter ajudado um pouco no entendimento do treinamento intervalado, mas nunca se esqueça que a melhor maneira de fazer um treinamento de qualidade é procurar um profissional de Educação Física capacitado, ele e SOMENTE ELE poderá montar um programa de qualidade respeitando o seu momento, a sua individualidade e totalmente voltado aos seus objetivos.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

QUAL O MELHOR TREINO PARA EMAGRECER?



Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que “a obesidade vem crescendo de forma alarmante no mundo inteiro, deixando de ser uma preocupação meramente estética para se transformar num problema grave de saúde pública, numa epidemia global”.
Diante dessa alarmante noticia fica a questão inevitável, qual o melhor tipo de treino para ajudar no processo de emagrecimento? Muito já se estudou e até bem pouco tempo acreditava-se que o treinamento continuo de intensidade moderada (75 à 85% da FC) era o tipo de treinamento mais adequado para tal objetivo, porém pesquisas recentes tem mostrado que esse tabu foi quebrado, pesquisadores encontraram no TREINAMENTO INTERVALADO percentual maior de diminuição da gordura corporal com um ponto à favor, a diminuição da gordura abdominal é a mais visível nos estudos.
Acredita-se que o treinamento intervalado (T.I.) produz mais benefícios ao reduzir a gordura corporal pelo fato de estar diretamente ligado pós treino, por ser um treinamento de alta intensidade e exigir do individuo grande capacidade pulmonar, hormonal e do coração durante a execução da tarefa, o pós treino deixa o consumo calórico dele aumentado por mais tempo, um fenômeno chamado EPOC (consumo de oxigênio pós exercício), após a atividade de alta intensidade com curtos espaços de recuperação o corpo precisa repor os seus estoques, que nada mais é do que o gasto energético utilizado para estabilizar e recuperar, os níveis das funções que foram desestabilizadas durante a execução do exercício, como por exemplo, restaurar os estoques de glicogênio e ATP, regular a temperatura corporal, reorganizar a distribuição sanguínea, controlar a ventilação pulmonar e reorganizar o comportamento do sistema endócrino, e com isso também há um alto consumo de calorias durante a fase de repouso.
Outro benefício do T.I. é a melhora também na capacidade aeróbia do indivíduo, que é aumentada devido ao aumento do débito sistólico em repouso, ou seja, durante os diversos momentos de repouso que o treinamento intervalado oferece o débito sistólico alcança o mais alto nível, melhorando assim a condição da capacidade aeróbia do indivíduo.
Por tanto, sabe-se que hoje o melhor tipo de treinamento é o T.I. para a redução de gordura corporal, mas nunca se esqueça de que o processo alimentar vem em conjunto com este trabalho, uma alimentação adequada e orientada por um profissional qualificado irá aumentar o nível do seu trabalho e consequentemente os resultados apareceram de maneira mais rápida e segura e satisfatória. Este trabalho deve ser sempre feito em conjunto do profissional de Educação Física com o nutricionista, procure ótimos profissionais e veja os resultados aparecerem.

Na próxima postagem falarei sobre o que realmente é o treinamento intervalado e darei algumas dicas de como montar um ótimo treino para que você possa atingir os seus objetivos com qualidade. Até a próxima.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

O QUE É HIPERTROFIA E COMO ELA ACONTECE





Após alguns anos trabalhando como profissional de Educação Física (Personal Trainer),  principalmente dentro de uma sala de musculação      (onde a procura pelo tema do referido texto é acentuada), começo a observar com um problema que em minha opinião é grave, profissionais da área de Educação Física que fazem o trabalho dentro dessas salas de hoje não sabem exatamente qual o significado da expressão “HIPERTROFIA” e como o fenômeno ocorre, prejudicando assim o treinamento do seu aluno/cliente não obtendo resultado satisfatório.
Sabe-se que vários fatores são necessários para que esse fenômeno aconteça, e indagando alguns profissionais percebi que apenas a minoria tem a certeza de como a hipertrofia acontece e o que é necessário para que haja ambiente favorável à mesma. Perante essas situação encontrada por mim, decidi escrever um pouco sobre o que é esse fenômeno, como ele ocorre o que é necessário para que ele ocorra.
Hipertrofia significa o aumento do tamanho de um órgão em consequência do aumento das funções celulares. A hipertrofia mais comum acontece na musculatura e pode ser provocada por fatores biológicos como o crescimento na fase de puberdade, a dilatação do útero durante a gravidez, etc., ou de forma forçada através da prática de musculação e do consumo de suplementos alimentares. Também acontece de forma patológica, como é o caso de Hipertrofia Benigna da Próstata (HBP) ou de hipertrofia do miocárdio (músculo cardíaco).

A hipertrofia é o processo através do qual as fibras musculares têm seu volume aumentado como resultado da sobrecarga tensional recebida. Essa tensão ocorre quando os músculos se contraem para fazer frente à resistência que lhe é imposta. Ou seja, a resistência imposta pelo peso dos para ser levantado ou movido provoca uma sobrecarga em determinado músculo, para permitir que ele faça o movimento. Como resultado imediato, a fibra muscular se torna permeável e os íons cálcio migram para dentro da fibra. O aumento da concentração desses íons de cálcio provocam a ruptura dos filamentos protéicos que compõem as fibras musculares. Desta forma, durante o treino ocorre a destruição desses filamentos e quanto mais intenso é o treino, maior o número de filamentos destruídos.
 Em se tratando de hipertrofia muscular, pode ocorrer o aumento no número e ou diâmetro das miofibrilas, consequentemente provocando um aumento da fibra muscular. Segundo Goldspink (1998), o aumento no número de miofibrilas é mais eficaz para a hipertrofia do que o aumento do tamanho destas. Podemos então descrever também outro tão falado processo, o crescimento muscular apenas por hiperplasia. Segundo Tortora, Grard J. et aal, “É o aumento no número de células de um tecido devido ao aumento na frequência de divisão celular”, neste caso também ocorrendo no tecido muscular esquelético. Processos de hiperplasia são descritos por alguns trabalhos porém ainda controversos e polêmicos.
Estes processos, hipertrofia ou hiperplasia, se garantem pela síntese de proteínas, principalmente após o treinamento com pesos, onde esta síntese estará aumentada a níveis máximos. Sendo assim, entendemos a necessidade da oferta adequada de proteínas aos músculos pela dieta e suplementação, a fim também de minimizar situações de degeneração proteica (catabolismo) também presentes nos processos de treinamentos e recuperação.
 De acordo com Simón (2007), a hipertrofia possui os seguintes componentes:
  • Aumento considerável da secção transversal das fibras musculares (aumento do diâmetro da fibra muscular);
  • Aumento do tecido conectivo, que é aquele que não se contrai e representa  aproximadamente 12% do musculo;
  • Aumento de vascularização ou a formação de novos capilares;
  • Melhora do metabolismo muscular.
Com o estímulo à vascularização, próprio da sobrecarga metabólica, também contribui para o volume dos músculos. A quantidade de glicogênio pode triplicar nos músculos e, considerando-se que por razões de hidratação molecular, cada grama de glicogênio carrega quase três gramas de água, compreende-se o grande aumento do conteúdo de água intracelular resultante do processo.
Durante o período de recuperação que se segue ao treino, esses filamentos são reconstituídos através dos aminoácidos presentes nas proteínas, por isso a alimentação depois do treino tem caráter essencial na hipertrofia. No período de até 4 horas pós-treino deve-se consumir carboidratos e proteínas, através da alimentação ou de suplementos. Esses dois elementos são responsáveis respectivamente pela restauração das reservas de ATP – trifosfato de adenosina, que é a fonte de energia que mantém tudo funcionando e pela reconstituição das fibras musculares. A reconstituição dos filamentos das fibras musculares é sempre maior que os danos, assim ocorre o aumento do volume de massa muscular. Contudo, se a destruição for muito acentuada, a recuperação poderá ser insuficiente para aumentar o volume muscular.
Nutrição é o que fará a grande diferença em todo esse processo, o treino pode ser o mais pesado possível, mas se você não estiver com uma dieta equilibrada nos nutrientes necessários para que ocorra o fenômeno você só estará aumentando o seu gasto calórico ( e caso esteja comendo muito errado, poderá e irá entrar no processo de diminuição de peso corporal).
Quando o assunto é nutrição existe uma regra bem simples para que esse fenômeno aconteça, sua ingesta de calorias de qualidade tem que ser maior do que o que você gasta, e se o seu objetivo for diminuir % de gordura corporal a sua ingesta de calorias de qualidade tem que ser menor do que você gasta.
Como fazer para gastar essas calorias e ter um treino de qualidade, será abordado em uma próxima postagem, no momento apenas entenda que, MESMO SE VOCÊ TREINAR PESADO, VOCÊ PRECISARÁ DE UMA ALIMENTAÇÃO DE QUALIDADE PARA QUE HAJA O PROCESSO DE HIPERTROFIA, caso sua alimentação não seja adequada, você estará apenas aumentando o gasto calórico do seu dia-a-dia, favorecendo a perda de peso.
Para que você não erre na, que em minha opinião é a principal parte no processo de construção muscular ou queima de gordura, procure um nutricionista esportivo, só ele poderá fazer uma avaliação correta e juntamente com um profissional de Educação Física poderão lhe ajudar a chegar no seu objetivo, fique atento e não saia praticando as besteiras que você ouve por ai dentro de uma sala de musculação.
Bons treinos até a próxima.


Referências:
SANTAREM, José Maria.  Hipertrofia Muscular. Disponível em: saudetotal.com.br/artigos/atividadefisica/hipertrofia.asp;
SIMÓN Felipe Calderón. Técnicas de Musculação: Guia passo a passo, totalmente ilustrativo. São Paulo: Câmara Brasileira de Livros, 2007. 194 p;
Hipertrofia.net;
Dicas de treino.com.br.